segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Semanas 14 e 15 – Controle químico e desenvolvimento de fungicidas


Olá, pessoal!
Na semana 14, tivemos apenas a aula prática referente a controle químico de doenças de plantas.
Vimos que os fungicidas podem ser divididos em imóveis (erradicantes e protetores) e sistêmicos. Os ERRADICANTES atuam diretamente sobre o patógeno (Ex.: captan). Os PROTETORES promovem cobertura das partes suscetíveis do hospedeiro, impedindo a infecção (Ex.: cúpricos). Já os SISTÊMICOS, translocam na planta, protegendo-a de novas infecções (efeito protetor) mas também atuam na colonização de patógenos já estabelecidos (efeito curativo) (Ex. estrobilurinas).

É importante saber como os fungicidas atuam para que o produto adequado seja recomendado, para que o controle da doença seja eficiente!

 
O Ministério da Agricultura possui um sistema chamado AGROFIT onde todos os agrotóxicos, sendo eles fungicidas, inseticidas, herbicidas, dentre outros, podem ser encontrados nas doses e nas culturas recomendadas.

Na semana seguinte, a Dra. Marilene Iamauti proferiu uma excelente palestra sobre descoberta e desenvolvimento de fungicidas. Um histórico do desenvolvimento de fungicidas foi apresentado, que iniciou ainda no século XIX, com a Calda Bordalesa, para controle do Míldio da Videira. Diversas moléculas foram descobertas posteriormente, passando por aquelas de amplo espectro (possuem a capacidade de atuar sobre diversos microrganismos), triazóis, inibidores de oomicetos e, por último, as estrobilurinas.
Do desenvolvimento de uma molécula até o seu lançamento são necessários, em média, 10 anos de intensas pesquisas, tanto em laboratório, quanto em campo. Inicialmente é realizado um “Screening” de forma a selecionar potenciais moléculas com ação fungicida. Aqui, alguns pontos importantes são espectro, fitotoxicidade, modo de ação e capacidade de redistribuição na planta. Em seguida, iniciam-se estudos de formulação, toxicologia, dentre outros.
O fato do alto preço destes produtos é derivado das pesquisas de moléculas eficientes, as quais tornaram-se produtos comerciais, mas também daquelas que não foram aprovadas em todos os passos. No ano 2000, para que uma molécula chegasse ao produtor, foram realizados estudos com outras 140 mil! E este número tem crescido cada vez mais.
No Brasil, para que um agrotóxico chegue ao mercado, este produto deve passar por três órgãos do governo: IBAMA, MAPA E ANVISA. Após atender todos os requisitos e ser aprovado por estes órgãos, o produto finalmente recebe o registro e pode ser lançado.

IMPORTANTE:

1)      CLASSIFICAÇÃO TOXICOLÓGICA

2)      LIMITE MÁXIMO DE RESÍDUO (LMR)

3)      INTERVALO DE SEGURANÇA OU PERÍODO DE CARÊNCIA


4)      CLASSIFICAÇÃO DO POTENCIAL DE PERICULOSIDADE AMBIENTAL

Na aula prática, fizemos a diagnose da antracnose, uma doença causada por Colletotrichum,  de grande importância para diversas culturas.
 Antracnose em manga

Boas provas a todos vcs!!
Até mais!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Semana 13 - Controle Químico

Com o aumento das fronteiras agrícolas no mundo, do número de safras por ano, do melhoramento de plantas visando aumento de produtividade, da utilização da irrigação na produção de alimentos e outras técnicas que permitam uma intensificação da agricultura, os fitopatógenos estão se tornando cada vez mais comuns, mesmo naquelas culturas onde historicamente não representavam limitações econômicas. Esta nova realidade tem evidenciado o aumento na utilização de fungicidas, permitindo a competitividade da agricultura. O controle químico de doenças de plantas é, em muitos casos, a única medida eficiente e economicamente viável de garantir as altas produtividade e qualidade de produção. Variedades de plantas cultivadas, interessantes pelo bom desempenho agronômico e pela preferência dos consumidores, que são obtidas através de técnicas de melhoramento vegetal, geralmente herdam uma maior vulnerabilidade a agentes fitopatogênicos. A exploração comercial de culturas como a uva, o morango, a maçã, o tomate e a batata, seria impossível sem o emprego de fungicidas, pois onde são cultivadas o clima favorece a ocorrência da doença. Assim, a convivência com patógenos já presentes em determinadas áreas torna-se um ônus obrigatório dentro da agricultura moderna.
De modo geral os fungicidas podem ser agrupados em três grupos: erradicantes (fungicidas de contato), protetores (fungicidas de residuais) ou sistêmicos (fungicidas curativos/imunizantes).
Os fungicidas erradicantes atuam diretamente no patógeno, tendo como objetivo reduzir o inóculo. Esses fungicidas agem sobre o inóculo e são utilizados:
- em tratamento de sementes: inativando a germinação dos esporos nas sementes;
- em tratamento de inverno: esse tipo de tratamento pode ser utilizado tanto com fungicidas erradicantes como fungicidas protetores que possuam ação erradicante. Esse tipo de tratamento é muito comum em plantas que passam por uma estação sem folhas e assim os esporos e outras estruturas fúngicas ficam aderidos sobre o tronco, escamas e galhos das plantas. Esse tratamento de inverno visa abaixar a quantidade de inóculo, erradicando-os. Evita que quando comece a brotação jovem, a quantidade de inóculo esteja baixa.
- em tratamento de solo: geralmente é utilizado um gás biocida, porém pode ser utilizados produtos erradicantes seletivos.
Os fungicidas protetores atuam formando uma camada protetora na superfície da planta impedindo o contato do patógeno com a superfície da planta hospedeira. Esses fungicidas atuam como inibidores inespecíficos, interferindo as reações bioquímicas comprometendo assim os processos vitais do patógeno. Como esses fungicidas são inespecíficos seriam fitotóxicos caso sejam absorvidos pela planta. Essa fitotoxidez é evitada pela baixa solubilidade do fungicida em água e a dificuldade de serem absorvidos pela planta. A toxicidade do fungicida ao patógeno deve-se a liberação de moléculas tóxicas a partir das moléculas do fungicida.
Os fungicidas sistêmicos têm sua ação fungitóxica no interior dos tecidos do hospedeiro e podem ter ação imunizante, protetora, curativa e erradicante. Agem inibindo processos metabólicos específicos, conferindo dessa forma alta especificidade e alta fungitoxicidade. Esses fungicidas são absorvidos pelas raízes e folhas, porém a aplicação geralmente é feita na parte aérea. A translocação do produto pode ser via xilema (maioria dos fungicidas sistêmicos) ou floema (poucos fungicidas sistêmicos). Os fungicidas sistêmicos têm como vantagens:
- exigem menores doses e menor número de aplicação
- menor problema de fitotoxidez
- menor contaminação ambiental

Os fungicidas sistêmicos têm como vantagens:

            - são fungicidas caros
            - podem causar aparecimento de raças resistentes do patógeno.

O surgimento de raças resistentes é devida a pressão de seleção exercida pelo tratamento de grandes áreas com um único princípio ativo, emprego de super ou sub doses.
Para manejar os produtos e evitar o aparecimento de raças resistentes deve-se:
- usar sistêmicos somente quando for necessário,
- aplicação de sistêmicos alternadamente
- usar sistêmicos misturados com protetores
- monitoramento da população do patógeno no campo visando detectar raças resistentes



Nesta semana iniciamos as aulas práticas relacionadas à controle de doenças de plantas.
Nestas aulas, em especial, vimos sobre PREMUNIZAÇÃO E SOLARIZAÇÃO.

A PREMUNIZAÇÃO consiste na utilização de uma estirpe fraca do vírus para proteger a planta de uma estirpe forte. O exemplo mais evidente do uso desta forma de manejo encontra-se na citricultura brasileira, de forma a proteger plantas de citros da Tristeza do Citros (Citrus tristeza vírus).
Este fenômeno não é claramente conhecido pelos fitopatologistas, porém, acredita-se que a presença da estirpe fraca do vírus nas células do hospedeiro protege a planta da infecção pela estirpe forte. Assim, um pré-requisito é que a planta esteja colonizada pela estirpe fraca.


Já a SOLARIZAÇÃO encontra-se dentro das práticas de controle físico, já que o fator temperatura é utilizado neste caso.
Como explicitado em aula, algumas condições são necessárias para o sucesso desta prática:
1) Implantação da técnica em um período do ano com alta radiação solar, de forma que o solo alcance a temperatura adequada para que os patógenos sejam eliminados
2) O solo deve estar úmido, o que torna as estruturas de resistência mais sensíveis e também potencializa a condutividade térmica do solo, ou seja, a água auxilia com que temperaturas necessárias para eliminar os patógenos seja alcançada a uma maior profundidade no solo.

Outros exemplos de controle físico foram citados como a radiação, a termoterapia, a refrigeração e a esterilização do solo. Este última alcança temperaturas elevadas (cerca de 88 C), o que leva não apenas à mortalidade de microrganismos patogênicos mas também dos benéficos. Este é o chamado VÁCUO BIOLÓGICO! Já a solarização atinge cerca de 55 C, o que é letal apenas aos patogênicos. VEJA OS BENEFÍCIOS DA SOLARIZAÇÃO EVIDENCIADOS EM AULA, OK?


Boa semana a vcs!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Mais um quiz para vcs...

Olá, pessoal!
Bom dia!
Conforme combinado, apresentamos a seguir o tópico da segunda pesquisa de Fitopatologia: DOENÇAS DO FEIJOEIRO!
  1. Identifique a principal doença do feijoeiro na atualidade. Justifique a importância da doença.
  2. descreva o ciclo das relações patógeno-hospedeiro.
  3. Descreva as principais alternativas de manejo da doença.

ATENÇÃO:
As respostas devem ser enviadas para o email lfn@esalq.usp.br, até o dia 18/11 às 23:59h.
Respostas postadas no blog da Fitopatologia serão desconsideradas!

A pesquisa valerá até 0,5 ponto na nota da segunda prova teórica, OK?

Boa pesquisa a todos e até mais!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Semana 12 - Controle genético e biológico


Nesta semana foram discutidos alguns conceitos sobre resistência genética, obtenção e estratégias de utilização da resistência. Na segunda parte da aula conhecemos um pouco sobre o controle biológico, suas formas de atuação sobre o patógeno e alguns exemplos importantes. Segue abaixo o resumo da aula.

1 - CONTROLE GENÉTICO
1.1 - TERMINOLOGIA
            - Incidência – Relacionada com a frequencia de plantas doentes (medida qualitativa).
            - Severidade – Relacionada com a percentagem de área doente (medida quantitativa).
            - Patogenicidade – Capacidade de causar doença.
            - Agressividade – Capacidade de causar mais ou menos doença (termo quantitativo).
            - Imunidade – Ausência de doença (relação de incompatibilidade).
            - Resistência – Maior ou menor severidade da doença.
            - Tolerância – Capacidade da planta tolerar o patógeno sem afetar a produção.

1.2 - OBTENÇÃO DE MATERIAL RESISTENTE

            - Programa de melhoramento
            - Identificação de material vegetal como fonte de resistência
            - Transferência de genes (cruzamento/transgenia)
            - Incorporação de genes em material agronomicamente desejável
            - Seleção de material resistente aliado a boas características agronômicas

1.3 - FONTE DE RESISTÊNCIA PARA DOENÇA
            -Fontes dentro de espécies cultivadas (maior facilidade de incorporação)
            -Fontes de resistência dentro do gênero (maior dificuldade de incorporação de genes de resistência)
            -Exemplos: Fontes de resistência a requeima e a brusone

1.4 - ONDE ENCONTRAR AS FONTES DE RESISTÊNCIA?
            -Materiais comerciais disponíveis
            -Materiais depositados em bancos de germoplasma
                        CENARGEN – várias culturas (Brasília)
                        CYMMIT – milho e trigo (México)
                        IRRI – arroz (Filipinas)
                        CIAT – mandioca e feijão (Colômbia)
            -Centro de origem (local onde a espécie hospedeira é nativa)
            -Centro de diversidade (Local onde ocorreu a domesticação da espécie hospedeira)
            -Centro de diversidade genética do patossistema (Local onde ocorre a co-evolução entre hospedeiro e patógeno). MAIS FÁCIL DE ENCONTRAR RESISTÊNCIA.

1.5 - ESTRATÉGIAS DE CONTROLE
            -Alternância do plantio de variedades com diferentes genes de resistência
            -Multilinhas (plantio de linhagens que diferem apenas quanto ao gene de resistência)
            -Piramidamento de genes (plantio de uma única cultivar com vários genes de resistência incorporados).


2 - CONTROLE BIOLÓGICO
Controle por meio da ação de microrganismos

2.1 - FORMAS DE AÇÃO DO NÃO PATÓGENO:
            -Hiperparasitismo (sobre o patógeno)
            -Imunização (aumentando a resistência contra estirpes mais virulentas)
                        Exemplos de pré-imunização:
                        -mosaico da abobrinha
                        -CMV do tomateiro
                        -tristeza dos citros
            -Antagonismo (produzindo substâncias que afetam o patógeno)
                        Exemplo: Utilização de Agrobacterium radiobacter para controlar A. tumefaciens. O microrganismo antagônico produz bacteriocina que inibi o crescimento do patógeno.

2.2 - FORMAS DE MICROBIOLIZAÇÃO
            -Tratamento com suspensão do microrganismo e secagem das sementes.
            -Peletização (antagônico veiculado em calcário e aplicado sobre a semente).
            -Peliculização (antagônico veiculado em polímero e envolvido em semente).
- Exemplos de microbiolização:
-Sementes de trigo tratadas com Pseudomonas ou Bacillus para o controle de Bipolaris, Pyricularia e Gaeumannomyces
-Controle em pós-colheita com o uso de leveduras ou bactérias